Rede de Judiarias
Muito cedo, as gentes de São João da Pesqueira assumiram um lugar de destaque na construção do reino português, quer homem de valor que aqui tiveram berço, quer pelos excelentes produtos agrícolas como o vinho e o azeite, embaixadores maiores de Portugal. Nessa evolução, iniciada há séculos, teve especial importância a comunidade judaica e cristã-nova de São João da Pesqueira pelo que, ciente desse valor, o município entendeu ser essencial, a da mais elementar justiça, estudar, valorizar, e divulgar a sua História.
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Os Judeus no Concelho de S. João da Pesqueira
O concelho de São João da Pesqueira é um território de extraordinária beleza, limitado a norte pelo rio Douro, que o banha e lhe imprime magnificência, a sul pela pureza dos veios de granito da Beira e a nascente e poente pelas linhas de altura de um relevo tumultuoso interrompido por declives profundos. A sua especial localização e a forte influência do rio Douro conferem a este território uma riqueza ambiental única, cuja importância é refletida na elevada diversidade paisagística, a que os valores da natureza e a ação do Homem proporcionaram contrastes especiais. Estamos no verdadeiro coração do Douro, em terra que é Património Cultural da Humanidade. Muito cedo, as gentes de São João da Pesqueira assumiram um lugar de destaque na construção do reino português, quer homem de valor que aqui tiveram berço, quer pelos excelentes produtos agrícolas como o vinho e o azeite, embaixadores maiores de Portugal. Nessa evolução, iniciada há séculos, teve especial importância a comunidade judaica e cristã-nova de São João da Pesqueira pelo que, ciente desse valor, o município entendeu ser essencial, a da mais elementar justiça, estudar, valorizar, e divulgar a sua História, facultando-a a todos quantos pretendam descobrir esse capítulo. Nesse sentido, foi desenvolvido um projeto turístico-cultural que visa aproximar os munícipes à sua História e asseverar o concelho de São João da Pesqueira como um novo destino de turismo cultural e religioso. Para acompanhar e orientar a descoberta, disponibiliza-se este guia turístico que, em conjunto com uma série de mapas interativos, disponíveis em www.sjpesqueira.pt/turismo, constituem um importante apoio nessa viagem pela nossa História.
O projeto designado de “ Alay Zayit – A redescobrir a Sefarad ’ouro” ( alay zayit significa ramo de oliveira e Sefarad designa a Península Ibérica na tradição judaica) veio preencher uma lacuna no conhecimento da História local. Numa primeira fase, inventariaram-se locais de estabelecimento das antigas famílias judias e cristãs-novas, identificaram-se tradições ancestrais de origem judaica e descobriram-se documentos, dispersos pelos arquivos nacionais e internacionais.
Ao implementar este projeto turístico-cultural, São João da Pesqueira posiciona-se entre os principais municípios que procuram defender o património urbanístico, arquitetónico, ambiental, histórico e cultural relacionado com a herança judaica e cristã-nova, congregando a valorização histórica e patrimonial com a promoção turística, fazendo jus à sua tradição de terra e paz e de povo bem-aventurado.
Assim, a adesão do município de São João da Pesqueira à Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, em 2016, foi um importante passo para a concretização da vontade em resgatar e das a conhecer o passado e a herança judaica e cristã-nova do concelho de São João da Pesqueira.The municipality of São João da Pesqueira is a territory of extraordinary beauty, limited to the north by the river Douro, which bathes and gives it magnificence, to the south by the purity of the granite veins of the Beira and the east and west by the lines of height of a tumultuous relief interrupted by deep slopes. Its special location and the strong influence of the river Douro give this territory a unique environmental richness, whose importance is reflected in the high diversity of landscapes, to which the values of nature and the action of Man provided special contrasts. We are in the true heart of the Douro, on land that is Cultural Heritage of Humanity. Very soon, the people of São João da Pesqueira took a prominent place in the construction of the Portuguese kingdom, a man of value who was born here, as well as excellent agricultural products such as wine and olive oil, the greatest ambassadors of Portugal. In this evolution, begun centuries ago, the Jewish and Christian-New community of São João da Pesqueira was of special importance. Therefore, aware of this value, the municipality considered it essential to study, value and divulge its history , giving it to all those who wish to discover this chapter. In this sense, a tourism-cultural project was developed that aims to bring the inhabitants closer to their history and to assert the municipality of São João da Pesqueira as a new destination for cultural and religious tourism. . To accompany and guide the discovery, this tour guide is available, which, together with a series of interactive maps, available at www.sjpesqueira.pt/turismo, constitute na importante support in this journey through our History.
The project designated "Alay Zayit - The Rediscovering of Sefarad 'gold' (alay zayit means olive branch and Sefarad designates the Iberian Peninsula in the Jewish tradition) has filled a gap in the knowledge of local history. In the first phase, sites of establishment of the old Jewish and Christian-New families were identified, ancestral traditions of Jewish origin were identified and documents were discovered, dispersed by the national and international archives.
In implementing this tourism-cultural project, São João da Pesqueira ranks among the main municipalities that seek to defend the urban, architectural, environmental, historical and cultural heritage related to the Jewish and Christian-New heritage, bringing together the historical and patrimonial the promotion of tourism, living up to its tradition of land and peace and blessed people.
Thus, the accession of the municipality of São João da Pesqueira to the Network of Portuguese Jewry - Routes of Sefarad in 2016 was an important step towards the realization of the will to rescue and to know the past and the Jewish and New Christian heritage of the municipality of São João da Pesqueira.
S. João da Pesqueira
Os documentos mais antigos fazem recuar as notícias da sua presença à primeira metade do século XV. Entre os anos de 1441 e 1445 contavam-se entre os naturais do concelho, Moisés Salam (1441), Isaac Salam (1441), José Barzalai (1441), Abraão Gabey (1442), Abraão Serrano (1451), Jacob Serrano (1455) David Tomias (1455), David Nemias (1455), entre outros. A estes homens, que aqui perdem o anonimato, o rei Afonso V concedeu um conjunto de importantes privilégios. E não eram só estes homens, com eles existiam famílias, mulheres e filhos que desconhecemos, mas que existiram e compunham a comunidade judaica pesqueirense.
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Os Judeus em S. João da Pesqueira
A vila encantada do coração do Douro guarda segredos mais antigos que os vinhedos que cobrem os seus montes e colinas. Esta é uma terra de bênçãos para os homens de boa vontade. Há mais de mil anos que, nesta terra frutuosa, existem povoados de gente simples, cujas mãos, sangue e suor moldaram os montes ásperos em verdadeiros jardins de vinhedos.
Em momento ignorado, os primeiros judeus estabeleceram-se em São João da Pesqueira, movidos pelas mesmas razões que trouxeram outros crentes. Os documentos mais antigos fazem recuar as notícias da sua presença à primeira metade do século XV. Entre os anos de 1441 e 1445 contavam-se entre os naturais do concelho, Moisés Salam (1441), Isaac Salam (1441), José Barzalai (1441), Abraão Gabey (1442), Abraão Serrano (1451), Jacob Serrano (1455) David Tomias (1455), David Nemias (1455), entre outros. A estes homens, que aqui perdem o anonimato, o rei Afonso V concedeu um conjunto de importantes privilégios. E não eram só estes homens, com eles existiam famílias, mulheres e filhos que desconhecemos, mas que existiram e compunham a comunidade judaica pesqueirense.
Habitavam a vila, tranquilamente, num bairro específico que, segundo a tradição local, começa na Rua dos Gatos e se alargava às suas travessas e azinhagas que hoje desconhecemos. Pela configuração actual da Rua dos Gatos adivinhamos que as casas acompanhavam a antiga muralha da vila, próximas da zona mercantil.Desconhecemos se o bairro judaico teria portas à entrada da rua que se fechavam à noite, à semelhança das judiarias de Trancoso ou Lamego. Talvez tivessem existido. De manhã, abrindo-se as portas da judiaria, judeus e cristãos frequentavam os mesmos espaços, conviviam, faziam o seu quotidiano em comum. A perceção da existência de uma judiaria não era necessariamente negativa, pois para a comunidade judaica permitia-lhe manter a coesão, as suas leis, os seus costumes, enfim, protegia-os. Hoje é difícil acreditar que estas ruas calmas, onde habitaram as famílias judias, testemunharam de um momento para o outro cenas terríveis de perseguição e crueldade.
No ano de 1492, os reis católicos de Espanha decretaram a expulsão dos judeus e, na fuga, alguns alcançaram São João da Pesqueira. Mal sabiam que, daí a quatro anos, o horror da perseguição aos judeus havia de se alastrar a Portugal. Em Dezembro de 1496, a comunidade judaica sentiu os efeitos do decreto de expulsão manuelino. Atemorizados, uns partiram enquanto outros não conseguiram escapar, tendo sido obrigados a converter-se ao cristianismo. Para sobreviverem, tiveram que criar novas identidades e foram muitas as práticas e os códigos secreto que criaram para manter viva a sua fé.
A comunidade de cristãos-novos de São João da Pesqueira era muito importante para o rei D. Manuel I e, por isso, antes da chegada da Inquisição a Portugal, emitiu-lhes dois diplomas, em 1521, pouco tempo antes da sua morte.Segundo esses decretos régios, os cristãos-novos não podiam ser presos no julgado de São João da Pesqueira e tinham o privilégio de se proporem ou serem eleitos para cargos concelhios, caso tivessem sido eleitos, além disso equiparavam-nos aos cristãos-velhos em relação a certos impostos e a aposentadoria.
A Inquisição entrou em São João da Pesqueira em Janeiro de 1548. A comunidade cristã-nova foi vítima das primeiras prisões por culpas de judaísmo e, nas décadas seguintes, os processos elevaram-se a mais de uma centena.Uma das primeiras acusadas, em 1548, foi Branca Nunes, de 60 anos, que acabou por perder a vida nas chamas do auto de fé de 12 de Julho de 1551. Pouco tempo depois, Violante Rodrigues, de 40 anos, após três anos de cárcere, encontrou a morte no auto de fé de 9 de Março de 1567.
A Rua dos Gatos confunde-se com as origens da vila, pois são muitos os pesqueirenses que não hesitam em apontá-la como o local do seu nascimento. Outros há que a remetem logo para a herança judaica e cristã-nova pesqueirense. De resto, o seu aspeto labiríntico, pitoresco e antigo faz da Rua dos Gatos um dos locais mais genuínos de São João da Pesqueira, que demanda por uma visita demorada, de encontro e de diálogo entre cada um de nós e a História
The enchanted village of the heart of the Douro keeps secrets older than the vineyards that cover its hills and hills. This is a land of blessings to men of good will. For over a thousand years, in this fruitful land, there are villages of simple people, whose hands, blood and sweat have shaped the rough hills into true vineyard gardens. In an ignored moment, the first Jews settled in São João da Pesqueira, moved by the same reasons that other believers brought. The earliest documents recount news of his presence in the first half of the fifteenth century. Between the years 1441 and 1445 were among the natives of the county, Moses Salam (1441), Isaac Salam (1441), José Barzalai (1441), Abraham Gabey (1442), Abraham Serrano (1451), Jacob Serrano ), David Tomias (1455), David Nemias (1455), among others. To these men, who lose their anonymity here, King Afonso V granted a number of important privileges. But it was not only these men, with them, we also have to think about their families, women and children that we do not know, but that existed and made up the Jewish community “Pesqueirense”.
They lived in the village, quietly, in a specific neighborhood that, according to local tradition, begins at “Rua dos Gatos” and widens to its entrances and hamlets that we do not know today. By the current configuration of “Rua dos Gatos” we can guess that the houses were attached to the old wall of the village, close to the mercantile area.We do not know if the Jewish quarter would have doors at the entrance of the street that closed at night, similar to the Jewish quarters of Trancoso or Lamego. Maybe they had existed. In the morning, opening the doors of the Jewish quarter, Jews and Christians frequented the same spaces, lived together, made their daily lives in common. The perception of the existence of a Jewry was not necessarily negative, since it allowed the Jewish community to maintain its cohesion, its laws, its customs, and finally protect them. It is hard to believe today that these quiet streets, where the Jewish families lived, witnessed terrible scenes of persecution and cruelty from one mome t to the next.
In the year 1492, the catholic kings of Spain decreed the expulsion of the Jews and, in flight, some reached of S. João da Pesqueira. Little did they know that after four years the horror of persecution of the Jews was to spread to Portugal. In December 1496, the vibrant Jewish community of São João da Pesqueira felt the effects of the “Manuelino” expulsion decree. Frightened, some departed while others could not escape, having been forced to convert to Christianity. In order to survive, they had to create new identities and there were many secret practices and codes they created to keep their faith alive.
The community of New-Christians in São João da Pesqueira was very important to king D. Manuel I, and so, before the arrival of the Inquisition in Portugal, he issued two diplomas in 1521, shortly before his death.According to these royal decrees, the New-Christians could not be arrested in the trial of S. João da Pesqueira and had the privilege of proposing or being elected to council offices, had they been elected, in addition they were equated with the Old-Christians in relation certain taxes and retirement. However, many of the New-Christians were caught up in the fabric of the Inquisition.
The Inquisition entered São João da Pesqueira in January 1548. The New - Christian community was the victim of the first arrests for the sins of Judaism, and in the following decades, the cases numbered more than a hundred. One of the first accused in 1548 was Branca Nunes, 60, who ended up losing her life in the flames of the “auto de fé” of July 12, 1551. Shortly thereafter, Violante Rodrigues, 40, after three years of Imprisonment, found his death in the auto de fé of 9 March 1567.
The “ Rua dos Gatos” is confused with the origins of the town, since many are “Pesqueirenses” that do not hesitate to indicate it as the place of their birth. Others there are that send it soon to the Jewish and New-Christian heritage. Moreover, its labyrinthine, picturesque and ancient aspect makes “Rua dos Gatos” one of the most genuine places of São João da Pesqueira, which demands a long visit, encounter and dialogue between each one of us and history.
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Riodades
Desde a posição de fronteira que teve à interioridade de hoje em dia, a aldeia de Riodades não perdeu relevância, especialmente, para todos os que aqui tiveram o desígnio de encontrar um rumo para as suas vidas, como sucedeu com os judeus e, mais tarde, com os cristãos-novos.
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Os Judeus em Riodades
Riodades é terra de paz e de fé. As paisagens alegres em redor brindam a jovial aldeia com uma frescura primaveril e todo o seu encanto surge aos olhos do visitante como um quadro delicioso. O miradouro da Senhora da Alegria é o melhor local para contemplar a serenidade desta pitoresca aldeia, de matizes diversos das paisagens do Douro e da Beira que, desde há séculos, tem sido refúgio para tantas vidas.
A sua proximidade com a vila de Paredes da Beira, de cujo termo fazia parte, mas também com as vilas de Trevões, São João da Pesqueira, Penedono, Sendim, entre outras, ditou grande parte da sua história. Estabelecida na margem do rio Távora foi, desde os tempos fundacionais, uma terra cruzada por peregrinos e almocreves que, seguindo caminhos ancestrais, deixaram um importante contributo para o seu desenvolvimento.
Desde a posição de fronteira que teve à interioridade de hoje em dia, a aldeia de Riodades não perdeu relevância, especialmente, para todos os que aqui tiveram o desígnio de encontrar um rumo para as suas vidas, como sucedeu com os judeus e, mais tarde, com os cristãos-novos.
A documentação histórica revela-nos que as famílias cristãs-novas integravam-se e apoiavam-se entre si, numa rede de solidariedade de parentescos dispersa pelas aldeias vizinhas, como em Trevões, Castainço e Sendim. Entre os seus descendentes, destacam-se o desembargador e jurisconsulto António Rebelo da Fonseca Leitão, que seguiu o gosto pelas leis, como os seus antepassados cristãos-novos, da linhagem dos Rebelos e dos Fonseca. Também se notabilizou nas Letras o seu filho, Francisco Rebelo, apurado poeta do seu tempo.
Riodades sempre foi um importante local de passagem, não só pela travessia do Távora, corporizada pela ponte que ainda hoje se mantém, mas também por estar na rota da peregrinação ao santuário da Lapa. Contudo, a proximidade de Riodades à vila de Paredes, sede do antiquíssimo concelho medieval a cujo termo pertencia, comprometeu o seu desenvolvimento, bem expresso no rendimento do cura que recebia 8 000 reis contrastando com os 50 000 reis recebidos em Nagoselo ou em Valongo dos Azeites.
Hoje, ainda subsistem antigas marcas simbólicas da religiosidade judaica e cristã, gravadas a ferro nas fachadas das antigas moradas, reveladoras de um passado sofrido, de suspeita e medo, mas também de convivência e conciliação. São as marcas das mezuzot (pl. de mezuzah), cruciformes mágico-religiosos, inscrições e traços de uma arquitectura tardo-medieval que sobreviveram ao tempo e que esperam ser redescobertas por cada um de nós.Riodades is a land of peace and faith. The viewpoint of “Nossa Senhora da Alegria” is the best place to contemplate the serenity of this village, with different hues of the Douro and Beira landscapes that, for centuries, have been a refuge for so many lives. Its proximity to the village of Paredes da Beira, whose term was part of it, but also with the villages of Trevões, São João da Pesqueira, Penedono, Sendim, among others, dictated much of its history. Established in the margin of the Távora river was a land crossed by travelers and “almocreves” that, following ancestral ways, left an important contribution for its development.
From the frontier position which, from its foundational times, to the interiority it has suffered today, the small village of Riodades has not lost any relevance, above all, for all those who here had the intention of finding a way for their lives, as it happened With the Jews and, later, new Christians.
Historical documentation reveals that many of the new Christian families were integrated and supported by a network of kinship solidarity, and many of them dispersed through the neighboring villages, especially in Trevões, Castainço and Sendim. Of his descendants, stand out António Rebelo da Fonseca Leitão, a Christian-New on the part of Rebelos and Fonseca lineage, who followed the taste of his Christian-New ancestors by the laws and was a judge and famous jurist. Also noted in the lyrics was his son, Francisco Rebelo, the poet of his time.
Riodades has always been an important place of passage, not only for crossing the Távora, but also for to be on the route of the pilgrimage to the sanctuary of Lapa. However, the proximity of Riodades to the small town of Paredes, home to the old medieval municipality to which it belonged, compromised its development, well expressed in the income of the priest who received 8,000 kings in contrast to the 50,000 kings received in Nagoselo or Valongo dos Azeites.
Today, there are still very old marks of Jewish and Christian religiosity, engraved on the facades of the old houses, revealing a past suffered. They are the marks of the mezuzot, cruciformes, inscriptions and traces of a late medieval architecture that have survived the time and that hope to be rediscovered by each one of us.
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Vilarouco e Pereiros
Marcadamente rural, a graciosa aldeia dos Pereiros espera de braços abertos os visitantes para lhes revelar os segredos que ainda se guardam nos seus recantos. Segundo uma tradição local, a aldeia dos Pereiros terá nascido no lugar de Covas, onde existiu uma aldeia durante a idade média e que foi abandonada pelos seus habitantes que se vieram estabelecer nos Pereiros.
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Os Judeus em Vilarouco e Pereiros
Marcadamente rural, a graciosa aldeia dos Pereiros espera de braços abertos os visitantes para lhes revelar os segredos que ainda se guardam nos seus recantos. Segundo uma tradição local, a aldeia dos Pereiros terá nascido no lugar de Covas, onde existiu uma aldeia durante a idade média e que foi abandonada pelos seus habitantes que se vieram estabelecer nos Pereiros. A aldeia é pequena, rodeada por vários campos agrícolas onde sobressaem a amendoeira, o sobreiro e a oliveira.
Pereiros também teve os seus filhos cristãos-novos, como os descendentes das famílias Costa e Sobral, entre outras. Ainda que não haja certeza das suas moradas, a verdade é que subsistem alguns vestígios de herança judaica e cristã-nova na aldeia, como inscrições simbólicas e sinais mágico-religiosos. Hoje, os Pereiros estão unidos administrativamente ao Vilarouco, constituindo uma só freguesia, mas as suas histórias cruzam-se desde há séculos, sobretudo no que respeita às famílias cristãs-novas.
Apesar de ainda não terem sido encontrados, no Vilarouco, vestígios enquadráveis no conjunto do património cultural de herança judaica e cristã-nova, permanecem muitos ecos da presença de famílias de credo mosaico. Atualmente, ainda existe a crença que certas famílias seriam «hebreus», vindos de Vila Nova de Foz Côa, e foram os antepassados de muitos dos que se dedicaram a atividades artesanais, como os sapateiros.
Dessa crença e tradição oral, os vilarouquenses fazem notar que, desses tempos antigos, se mantiveram sobrenomes de
família como Abraão e Raquel e alcunhas como «Rabi». Ao que parece, deixaram descendentes sobretudo entre duas famílias: os Sousa e os Costa. Além disso, o epíteto de sumagreiros, que persiste nos nossos dias, denúncia uma das atividades mais importantes a que os vilarouquenses se dedicavam e que cujo circuito comercial era detido, curiosamente, por cristãos-novos dispersos entre São João da Pesqueira, Porto, Lamego, Tabuaço, Mirandela e Torre de Moncorvo.
Da presença e vivências dos «hebreus» nos Pereiros e no Vilarouco ainda se colhem hábitos muito ligados aos costumes judaicos, principalmente na gastronomia, como os biscoitos almendrados e os redondinhos ou caladinhos.Markedly rural, the small village of Pereiros awaits with open arms all the visitors to reveal the secrets that are still kept in their nooks and crannies. According to a local tradition, the village of Pereiros was born in the place of Covas, where a village existed during the middle ages and was abandoned by its inhabitants who came to settle in the Pereiros. The small village is small, surrounded by several agricultural fields where the almond, corktree and olive trees stand out. Pereiros also had his new-Christian children, such as the descendants of the Costa and Sobral families. Although there is no certainty of their dwellings, the truth is that there remain some vestiges of Jewish and new-Christian heritage in the village. Today the Pereiros are administratively united to the Vilarouco, constituting a single parish, but their histories have crossed each other for centuries, especially with regard to new Christian families.
Although not yet found in Vilarouco, vestiges within the cultural heritage of Jewish and Christian-New heritage, echoes of the presence of families remain. Nowadays, there is still a belief that certain families would be "Hebreus", who would have come from Vila Nova de Foz Côa and who were the direct ancestors of many who engaged in craft activities, such as shoemakers
From this belief, Vilarouco tell us that family surnames like Abraham and Raquel were kept and nicknames like "Rabbi". Apparently, they left descendants particularly between two families: the Sousa and the Costa. In addition, known as sumagreiros, persists in our days, denouncing one of the most important activities to which the “Vilarouquenses” were dedicated and whose commercial circuit, curiously, was detained by young Christians dispersed between São João da Pesqueira, Porto, Lamego, Tabuaço, Mirandela and Torre de Moncorvo.
From the presence and experiences of the "Hebreus" in the Pereiros and the Vilarouco are still collected habits closely linked to Jewish customs, especially in gastronomy, such as “biscoitos almendrados” and “caladinhos”.
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Castanheiro do Sul
Aqui, os vestígios de herança judaica não são numerosos, contrastando com as localidades vizinhas, pois só se identifica uma antiga morada, mas a beleza das suas paisagens naturais incentivam o passeio e a descoberta dos antigos caminhos que conduziram o êxodo sefardita que vindo de nascente, atravessou o rio Távora, até ao ábdito.
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Os Judeus em Castanheiro do Sul
Antiga sede de concelho, extinto em 1855, a vila de Castanheiro do Sul assume, actualmente, os contornos político-administrativos de uma das mais importantes freguesias do concelho de São João da Pesqueira. A sua posição e a fertilidade dos seus terrenos em “centeio, azeite e muito bom vinho” desde cedo agradaram aos monges cistercienses de São Pedro das Águias que alargaram a sua influência e autoridade a esta terra.
A vila de Castanheiro, enquanto concelho, compreendia os lugares da Espinhosa e do Pereiro (hoje pertencente ao concelho de Tabuaço) e era uma nullius diocesis (não pertencia à diocese, embora constituísse um território eclesiástico semelhante a uma) pelo que o abade de São Pedro das Águias tinha sobre Castanheiro os mesmos poderes que um bispo, podendo conferir ministérios e confirmações.
Aqui, os vestígios de herança judaica não são numerosos, contrastando com as localidades vizinhas, pois só se identifica uma antiga morada, mas a beleza das suas paisagens naturais incentivam o passeio e a descoberta dos antigos caminhos que conduziram o êxodo sefardita que vindo de nascente, atravessou o rio Távora, até ao ábdito.
The small town of Castanheiro do Sul was seat of county and extinct in 1855. At this moment it assumes political-administrative contours of one of the most important parishes of S. João da Pesqueira. The production of rye, olive oil and wine at an early age pleased the Cister monks of S. Pedro de Águias who extended their influence and authority to this land. The small town of Castanheiro do Sul, as county, comprised the places of Espinhosa and Pereiro (now belonging to the municipality of Tabuaço) and was a nullius diocesis (it did not belong to the diocese, although it constitued na ecclesiastical territory similar to one) reason why the abbot of S. Pedro das Águias had the same powers over Castanheiro do sul as a bishop, and could confer ministries and confirmations.
The traces of jewish heritage are not numerous, contrasting with neighboring localities, since only an ancient dwelling is identified, but the beauty of its natural landscape encourage the walk and the discovery of the ancient ways that led to the sephardic exodus thah came from the source, crossed the Távora River, to the extreme.
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Paredes da Beira
Desde cedo estas terras atraíram os homens que buscavam uma vida melhor. Veio a nobreza, o povo e, entre eles, famílias de credo mosaico que mais tarde se fizeram cristãos-novos, como Diogo de Almeida que acabou preso, em 17 de Junho de 1729, por culpas de judaísmo, bem como outros familiares. O mesmo sucedeu com João Rodrigues Espinosa, seu genro António da Fonseca e sua esposa Primavera Rodrigues, todos cristãos-novos, que foram presos pela Inquisição e que viram os seus bens arrestados e vendidos na praça pública, em 2 de Fevereiro de 1620. Estes eram parentes do famoso Baruch Espinoza. E outros houve.
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Os Judeus em Paredes da Beira
Com pergaminhos mais antigos que a Nacionalidade, a vila de Paredes da Beira bem pode ufanar-se de constar nos anais da história como um dos concelhos contemplados com o primeiro foral atribuído a terras que viviam a ser portuguesas.
Determinado o seu estabelecimento por mão da natureza, o vetusto casario da localidade contorna as faldas de um maciço rochoso onde foi fincada uma muralha com mais de mil anos, dando espaço às terras férteis e aplanadas, voltadas ao sul. Diz a tradição local, que o seu topónimo se ficou a dever ao rei Fernando, o magno, aquando da reconquista cristã que, tendo a conquistado, a apelidou de terra de Paredes da Beira por existirem aqui muitas ruínas. Na verdade, aqui existem numerosos sítios e vestígios arqueológicos da maior importância e de verdadeira raridade.
Desde cedo estas terras atraíram os homens que buscavam uma vida melhor. Veio a nobreza, o povo e, entre eles, famílias de credo mosaico que mais tarde se fizeram cristãos-novos, como Diogo de Almeida que acabou preso, em 17 de Junho de 1729, por culpas de judaísmo, bem como outros familiares. O mesmo sucedeu com João Rodrigues Espinosa, seu genro António da Fonseca e sua esposa Primavera Rodrigues, todos cristãos-novos, que foram presos pela Inquisição e que viram os seus bens arrestados e vendidos na praça pública, em 2 de Fevereiro de 1620. Estes eram parentes do famoso Baruch Espinoza. E outros houve.
Durante o período medieval, Paredes da Beira era um pequeno concelho rural, longe das cidades, com acessos eram difíceis, mas com muitas razões para que os judeus do reino se estabelecessem e, mais tarde, os judeus expulsos de Castela também aqui procurassem refúgio. Da presença, das vidas, daqueles que apostataram a sua Fé e dos que a continuaram a praticar em segredo, ficaram as suas antigas moradias onde continuam a ecoar memórias das suas crenças, das suas vivências e dos vestígios mágico-religiosos relacionados com a sua fé, gravados nos vãos dos portais e em tantos recantos secretos que merecem ser descobertos e protegidos por todos nós.
With ancient scrolls than nationality, the small town of Paredes da Beira is one of the counties contemplated with the first charter attributed to lands that would come to be portuguese. According to local tradition, its place name was due to king Fernando, the great, during the christian reconquest, that having conquered it dubbed the land of Paredes da Beira because there are many remains of buildings here, including a wall with more than a thousand years. In fact, here are numerous sites and archaeological remains of the greatest importance and true rarity.
From the early days these lands attracted men. There came the nobility, the people, and among them jewish families who later became new christians, such as Diogo de Almeida and his family, who ended up imprisioned on 17 June in 1729, for faults of judaism, as well as other family members. The same happened to João Rodrigues Espinosa, his son-in-law António da Fonseca and his wife Primavera Rodrigues, all new christians who were arrested by rhe inquisition and who saw their goods sold in public square on 2 February in 1620. These were relatives of the famous Baruch Espinoza. And there were others.
During the medieval period, Paredes da Beira was a small rural county, far from the cities, with difficult access, but with many reasons for the jews to establish down and later, the jews expelled from Castela also sought refuge there. From the presence, from the lives, from those who have apostatized their faith, their ancient dwellings remain where they continue the memories of their beliefs, their experiences and the religious vestiges related to their faith, engraved in the gaps of the portals and in so many secret corners that they deserve be discovered and protected by all of us.
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Várzea de Trevões
Antiga sede de concelho, que se dizia ter um “termo muito pequeno”, a aldeia da Várzea de Trevões chegou a possuir setenta famílias, mas desconhece-se quantas delas teriam origens judaicas ou relações de parentesco com cristãos-novos, já que não possuímos documentação que possa ajudar a esclarecer a questão.
Na estreita vila da Várzea de Trevões, há a registar a existência de três importantes vestígios, entre os quais se destaca uma pitoresca habitação seiscentista, onde se conserva uma inscrição que ainda guarda muitos segredos dos tempos dos cristãos-novos.
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Os Judeus em Várzea de Trevões
Estabelecida numa encosta, a pouca distância da vila de Trevões, a localidade da Várzea ou Vargeas, como era conhecida, prima por possuir uma paisagem natural de rara beleza em seu redor.
Antiga sede de concelho, que se dizia ter um “termo muito pequeno”, a aldeia da Várzea de Trevões chegou a possuir setenta famílias, mas desconhece-se quantas delas teriam origens judaicas ou relações de parentesco com cristãos-novos, já que não possuímos documentação que possa ajudar a esclarecer a questão.
Terra fértil, os autores seiscentistas e setecentistas mencionam a qualidade do seu pão e do seu azeite e, especialmente, os “muitos e bons sumagres” que eram cultivados para produzir um pó utilizado no curtimento de peles de animais, em tinturaria e até na medicina. Desde períodos antigos, sabe-se que era enviado para a cidade do Porto e depois vendido para várias partes da Europa.
Na estreita vila da Várzea de Trevões, há a registar a existência de três importantes vestígios, entre os quais se destaca uma pitoresca habitação seiscentista, onde se conserva uma inscrição que ainda guarda muitos segredos dos tempos dos cristãos-novos.
Set on a hillside, just a short distance from the village of Trevões, the town of Várzea or Vargeas, as it was known, it has a natural landscape of rare beauty. Formerly the county seat, which was said to have a "very small term," the village of Várzea de Trevões came to possess seventy families, but it is not known how many of them had Jewish origins or kinship relations with new Christians, since we do not have Documentation that might help clarify the issue.
Fertile ground, the authors of the sixteenth and seventeenth centuries mention the quality of their bread and their olive oil, but especially the "many good sumac" that were grown to produce a powder used in tanning of animals, dyeing and even medicine. From ancient times, it is known that it was sent to the city of Porto and then sold to various parts of Europe.
In the small village of Várzea de Trevões, there are three important vestiges, among which a seventeenth-century dwelling stands out, where preserving an inscription that still holds many secrets from the times of the New-Christians.
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Trevões
A presença judaica na vila de Trevões é conhecida desde o final da Idade Média.
No ano de 1304, o rei D. Dinis criou, por seu mandado, a feira de Trevões, franca de três dias, e logo se tornou numa das feiras mais concorridas da região. Fruto do movimento comercial, acercaram-se por aqui os primeiros judeus e, pelo crepúsculo da Idade Média, ter-se-ão estabelecido na zona que se apelida de Rua dos Gatos, e suas travessas, que correspondem a um dos núcleos habitacionais mais antigos da freguesia.
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Os Judeus em Trevões
A presença judaica na vila de Trevões é conhecida desde o final da Idade Média.
No ano de 1304, o rei D. Dinis criou, por seu mandado, a feira de Trevões, franca de três dias, e logo se tornou numa das feiras mais concorridas da região. Fruto do movimento comercial, acercaram-se por aqui os primeiros judeus e, pelo crepúsculo da Idade Média, ter-se-ão estabelecido na zona que se apelida de Rua dos Gatos, e suas travessas, que correspondem a um dos núcleos habitacionais mais antigos da freguesia.O número de indivíduos de credo mosaico talvez tenha sido muito incrementado após o decreto de expulsão de Castela, mas a escassa documentação não permite, por agora, grandes conclusões. Por outro lado e para uma cronologia mais moderna, entre os séculos XVI-XVIII, a riqueza da documentação permite concluir que, em Trevões, se contavam numerosos descendentes de famílias judias, entre os seus naturais. Na maioria dos casos, eram indivíduos que constituíam uma pequena elite local.
No inverno de 1558 a Santa Inquisição entrou em Trevões executando as primeiras ordens de prisão por culpas de judaísmo, semeando o medo e a desconfiança. Mas foi durante os séculos XVI e XVII que o tribunal do Santo Ofício esteve mais ativo. Jovens e menos jovens foram levados para os carceres e, em pouquíssimo tempo, as prisões elevaram-se as dezenas. Só no ano de 1618 foram presos 23 indivíduos, muitos deles com relações de parentesco entre si.
As famílias Rebelo, Fonseca, Carvalho-Cardoso, Lourenço, Mesquita, Dias, Henriques e Mendes foram muito perseguidas. Entre os acusados de judaizarem contavam-se advogados, bacharéis em leis, muitos mercadores, sapateiros e simples agricultores, todos cristãos-novos, que viram as suas famílias serem destruídas e os seus bens espoliados.
Desses tempos, permanecem em Trevões vestígios da herança judaica e cristã-nova, como as suas antigas moradas, muitas com marcas cruciformes mágico-religiosas, sinais de cristianização forçada.
A sua descoberta é obrigatória, bem como fazer uma visita ao Museu de Trevões onde se guardam duas pequenas lamparinas certamente de tradição e ritual judaico ou criptojudaico, do mesmo modelo utilizado pela comunidade judaica de Belmonte. Mas principalmente, venham caminhar pelas ruas sossegadas, sentir e perscrutar os lamentos desses tempos.The Jewish presence in the small village of Trevões has been known since the late Middle Ages. In the year 1304, King D. Dinis created, by his mandate, the Trevões fair, which became one of the busiest fairs in the region. Fruit of the commercial growth, in the Middle Ages, will have been established in the area that is nicknamed Rua dos Gatos, and its sleepers, which correspond to one of the oldest housing estates of the parish The number of Jewish individuals may have come after the decree of expulsion from Castelo, but the scant documentation does not allow for great conclusions for the time being. However, the wealth of documentation for the sixteenth, seventeenth and even the late eighteenth century allows us to conclude without difficulty that Trevões counted among his natives numerous descendants of Jewish families, and in most cases they were individuals who constituted a small local elite.
In the winter of 1558 the Holy Inquisition entered Trevões carrying out the first arrests for the sins of Judaism, but it was during the sixteenth and seventeenth centuries that the court of the Holy Office was more active. Young and less young people were taken to the jails of the Inquisition, and in a very short time the prisons were numbered. In the year 1618 that 23 individuals were arrested, many of them having a relationship of kinship with each other.
The Rebelo, Fonseca, Carvalho, Cardos, Lourenço, Mesquita, Dias, Henriques and Mendes families were persecuted. Among those accused of Judaism were lawyers, many merchants (as evidenced by the commercial dynamism of the land), shoemakers, and simple farmers, all new Christians, who saw their families destroyed.
Many vestiges of the Jewish and Christian-New heritage remain in Trevões, as in the case of the cruciform marks, signs of Christianization of their former dwellings.
Its discovery is obligatory, as well as a visit to the Museum in Trevões where two small lamps are certainly kept of tradition and Jewish or crypto-Jewish ritual, of the same model used by the Jewish community of Belmonte. But, especially, walking the quiet streets, feel and peer the laments of these times.
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Nagoselo do Douro
Da presença de antigas famílias judias e cristãs-novas por estas bandas pouco se sabe. Subsistem, todavia, nas ruas e nas fachadas de certas habitações, traços antigos que nos remetem para o tempo dos cristãos-novos. São elementos arquitetónicos autênticos, da época de setecentos, que ainda se exibem nas fachadas, das quais sobressaem três antigas habitações localizadas na parte mais ancestral da povoação: duas na rua do Outeiro e outro na rua do Loureiro.
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Os Judeus em Nagoselo do Douro
Com uma paisagem de inigualável beleza, comprovada por todos quantos a visitam, a aldeia de Nagoselo é um lugar encantado. Admirada a partir do rio ou de um miradouro, de aquém e de além Douro, pode o visitante descansar os olhos na sua natureza extraordinária e sossegar a alma nas tradições genuínas e nos costumes diferentes.
Da presença de antigas famílias judias e cristãs-novas por estas bandas pouco se sabe. Subsistem, todavia, nas ruas e nas fachadas de certas habitações, traços antigos que nos remetem para o tempo dos cristãos-novos. São elementos arquitetónicos autênticos, da época de setecentos, que ainda se exibem nas fachadas, das quais sobressaem três antigas habitações localizadas na parte mais ancestral da povoação: duas na rua do Outeiro e outro na rua do Loureiro.
Se a materialidade pouco revela da presença de judeus e cristãos-novos, tal não significa que Nagoselo não tivesse sido por eles calcorreada, pois existe um largo e longo caminho a percorrer na reconstrução da história desta comunidade. De resto, a riqueza desta terra, os negócios e a proximidade à vila de São João da Pesqueira, onde habitava uma importante comunidade judaica, obrigaram os negociantes ou tratantes judeus e, mais tarde, cristãos-novos, a percorrer os caminhos poeirentos para recolher, trocar e vender produtos de qualidade, como o azeite ou o sumagre. É que nesse tempo, antes de São João da Pesqueira ser um concelho vinhateiro, Nagoselo era mais terra de azeite do que de vinho, e contam-nos os documentos antigos que “faltando elle [o azeite] há muita falta e necessidade na terra”. O vinho não abundava, a terra era de “pobreza e lemitassam”, pelo que aqueles que a almocrevavam foram os que mais vida insuflaram à economia débil e, talvez sem saber, semearam um futuro melhor.
Visitar Nagoselo é receber uma lição de história única.With a landscape, proven by the all who visit it, the village of Nagoselo is na enchanted place. The landscape admired across the river or a belvedere, the visitor can rest their eyes in its nature. The presence of old jewish and new christian families is little known. However, in the streets and on the facades of certain dwellings, there are still some old features that bring us back to the time of the new christians. They are authentic architectural elements from the seventies that still show themselves in the facades, located in the oldest part of the town: two on Outeiro street and another on Loureiro street.
If materiality shows little of the presence of jews and new christians, this does not mean that Nagoselo had not been inhabited by them, for there is a long and long way to go in rebuilding the history from this community. The wealth of this land, the business and the proximity to the village of S. João da Pesqueira, where an important jewish community inhabited, obliged jewish dealers and traffickers and, later, new christians, to go these ways to collect, exchange and sell products such as olive oil or sumac. Before S. João da Pesqueira to be a wine-growing municipality, Nagoselo was more land of olive oil than wine, and the ancient documents tell us that “there is a great lack and need on earth”. Wine did not abound, but those who walked around, perhaps unknowingly, made a better future.
Visiting Nagoselo is to receive a unique history lesson.
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Espinhosa
A presença de valores naturais importantes como o vinho e o azeite bastaram para aqui se fixarem as gentes, entre as quais se contavam famílias de credo judaico e cristãs-novas, que deixaram ficar marcas na arquitetura de algumas construções e parte dos seus saberes nas tradições locais. Reconstruídas e remodeladas através dos tempos, chegaram até nós alguns exemplares de habitações seiscentistas e setecentistas que contribuem para a graciosidade da aldeia. No largo da Moreira, mantem-se uma habitação curiosa, que reclama por uma visita, com elementos vulgares das construções dos cristãos-novos. E venha descobrir as candeias que ainda se penduram junto à porta!
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Os Judeus em Espinhosa
A Espinhosa do Douro é uma das mais pitorescas freguesias do concelho de São João da Pesqueira. Antigo lugar do concelho do Castanheiro, depois freguesia com seu termo, hoje extinta e agregada a Trevões, a Espinhosa é uma localidade que seduz de imediato o visitante pela paisagem envolvente, que se assemelha a um mar de verde, cujos montes se afiguram ser ondas de um mar revoltoso.
A presença de valores naturais importantes como o vinho e o azeite bastaram para aqui se fixarem as gentes, entre as quais se contavam famílias de credo judaico e cristãs-novas, que deixaram ficar marcas na arquitetura de algumas construções e parte dos seus saberes nas tradições locais. Reconstruídas e remodeladas através dos tempos, chegaram até nós alguns exemplares de habitações seiscentistas e setecentistas que contribuem para a graciosidade da aldeia. No largo da Moreira, mantem-se uma habitação curiosa, que reclama por uma visita, com elementos vulgares das construções dos cristãos-novos. E venha descobrir as candeias que ainda se penduram junto à porta!
A Espinhosa é um lugar sereno, resguardado do mundo e de braços abertos. Foi entre os seus montes e campinas que, pelo menos desde o final da Idade Média, muitos procuraram por aqui refúgio, como Pero Fernandes, homem baço (mulato), por forro, que no ano de 1492 veio para aqui viver, com casa e fazenda e com os seus filhos, por esta ser terra de esperança. Mais tarde, também aqui teve berço, no ano de 1607, Filipe de Távora, filho de Isabel Rodrigues e António de Távora, que foi preso pela Inquisição, em 23 de Junho de 1670, por culpas de judaísmo e que, passados três anos, foi absolvido e solto da prisão.
Aqui, entre a tranquilidade dada pelo tempo que passa devagar, há que descobrir os recantos e as vidas secretas das nossas gentes.Espinhosa do Douro is one of the parishes of the municipality of S. João da Pesqueira. Belonged to the municipality of Castanheiro do Sul, then parish with its term, now extinct and added to Trevões, the Espinhosa is a locality that seduces the visitor by the landscape, which resembles a sea of green. The presence of wine and olive oil were enough to fix the people, among them were jewish families and new christian, who left marks on the architecture of some buildings and part of their knowledge in local traditions. Here a few examples of seventeenth-century and eighteenth-century dwellings have come to us that contribute to the beauty of the village. In Largo da Moreira, a curious dwelling is mainteined, which claims for a visit, with vulgar elements of the constructions of the new christians. Accept the challenge of finding the lamps that still hang together at thedoor!
Espinhosa is a serene place, among its mountains and meadows that, at least since the end of the middle ages, many sought refuge and make life, such as Pero Fernandes, as a spleen man, by lining, who came here in 1492 to live, with house and farm, and with his children, for this is a land of hope. Later, also, in the year 1607, Filipe de Távora, son of Isabel Rodrigues and António de Távora, found here a house. He was arrested by the Inquisition on June 23, 1670, for faults of judaism and, after three years, was acquitted and released from prision.
Here, between the tranquility given by the time that passes slowly, we must discover corners and the secret lives of our people.
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