São Salvador do Mundo
S. Salvador do Mundo é um lugar mágico marcado por tradições, vestígios pré-históricos e romanos, paisagens e religião.
A sua localização geográfica especial cria um microclima que favorece o crescimento de flora única no mundo e proporciona uma paz que só quem visita poderá descrever.
Descubra, nesta página, o fantástico santuário de São Salvador do Mundo.
As paisagens
São Salvador do Mundo tem dois fantásticos miradouros.
Num observar-se o da lugar Ferradosa, no outro, na capela situada no ponto mais alto do ermo, terá uma paisagem sobre a Valeira e a sua barragem.
Vestígios pré-romanos
Encontram-se vestígios de ocupação humana desde o 2° milénio A.C., além de marcas no local, foram encontradas cerâmicas e um cossoiro cerâmico.
Algumas fragas, junto ao cimo do monte, possuem várias gastras, goteiras de escorrimento e mesmo degraus talhados. Entre a Capela n°6 e os Penedos de Judas encontram-se degraus que levam a uma rocha plana com uma inscrição bem como às gastras.
Existem outros vestígios como o "pio" retangular ao nível do solo, no núcleo dos Penedos de Judas.
Tudo leva a crer que em estamos em S. Salvador do Mundo estamos perante um santuário proto-histórico.
Época romana
Em todo o santuário, principalmente junto do Eremitério e nos caminhos mais recentes para chegar ao topo, são abundantes os fragmentos de tegulae, que evidenciam a existência de vários edifícios.
Além das tegulae, tem sido encontrada cerâmica como terra sigilliata decorada do século IV d.C. e moedas de bronze de Constantino (352-354 d.C.)
Existem ainda duas inscrições do período Romano. Uma encontra-se atualmente embutida na parede de entrada da capela principal e outra junto à Fraga do Diabo.
Tempos medievais
Sobre esta época existem poucos registos, apenas fragmentos de cerâmica criada ao torno, alguns com decoração em relevo.
É provável que S. Salvador do Mundo tenha abrigado alguns solitários que poderão ter habitado na "Cova". Desta presença poderá ter ficado a inscrição em caracteres góticos, embutida na parede da Capela-Mor que dirá: "Gloria et honore coronasti eum”.
Na história duriense
Aqui encontrava-se o “tenebroso” Cachão da Valeira, situado na vertente Norte, que marcava a “fronteira” entre o Douro Superior e o Cima Corgo.
Também conhecido como o Cachão da Pesqueira, foi, durante vários séculos, o obstáculo mais difícil no rio Douro, principalmente para os barcos Rabelo que transportavam produtos, em especial o Vinho do Porto, até às caves em Vila Nova de Gaia
A travessia era tão perigosa que os barcos Rabelo atracavam na margem para fazer a descarga das mercadorias, para que estas fossem transportadas por via terreste através animais e homens até uma zona mais segura. Os homens pediam proteção à N. Sr.ª da Penha (9º capela do santuário) que se encontram no monte de S. Salvador do Monte, voltada para o rio.
Em 1791 o Cachão foi demolido, ficando, no local, uma inscrição de D. Maria I, apenas visível a partir do rio. Contudo, a travessia continuava a ser perigosa e, em 1861, viria a vitimar o “grande amigo do Douro” o Barão de Forrester, que aqui naufragou com D. Antónia Ferreirinha.
O santuário
Segundo Gonçalves Guimarães (2007), o Santuário começou a ser erguido por Gaspar da Piedade, no ano de 1594, quando se instalou no Ermo depois da sua peregrinação por Roma e Palestina, de onde trouxe um osso do braço de S. Jerónimo.
Instalado na “Cova”, Gaspar da Piedade foi construindo, ou mandou construir, com licença de Clemente VIII, uma capela, onde colocou a relíquia que trouxe do oriente, a qual expunha aos romeiros nas oitavas da Páscoa e do Pentecostes. A romaria até S. Salvador do Mundo, realizada no dia do Corpo de Deus, chegou a ser a maior da Beira Alta.
Situado no Monte da Fraga, o Santuário de S. Salvador do Mundo, é constituído por 9 capelas, simbolizando algumas estações da via-sacra com esculturas representativas das cenas da Paixão de Cristo.
No núcleo principal, existe a Casa do Ermitão, a denominada Cova de Frei Gaspar, o alpendre de receção aos peregrinos e a Capela de S. Salvador (a de maiores dimensões), representando o Calvário.
Junto à 6º capela encontram-se, marcados numa laje (Fraga do Diabo), 6 concavidades que, segundo a tradição são "os joelhos, cotovelos e chifres do Demo, que ao fugir apressado de S. Pedro caiu, e deixou ali visíveis as marcas da sua estrutura física".
Tradições
É tradição popular as famílias juntarem-se e almoçar aqui no dia do Corpo de Deus. Neste dia, observa-se o monte repleto de merendas e famílias convivendo entre si.
Há também o ato de dar o nó numa giesta, "todo o jovem que dê um nó com a mão esquerda, em andamento, numa giesta, ao descer o monte para a capela de Nossa Senhora da Penha, casará nesse ano".
Fauna e flora
A localização especial deste lugar concebe um microclima que origina o habitat natural ideal para a existência de vários animais autóctones e o crescimento de plantas que só aqui poderá encontrar.
Todo o monte e área em redor do santuário de S. Salvador do Mundo é uma das mais diversificadas do vale do Douro, em fauna e flora.
No santuário irá encontrar a presença da figueira-do-inferno (Opuntia stricta). Trata-se de uma espécie exótica invasiva e prejudicial.
No que respeita a animais, aqui pode encontrar animais em vias de extinção no Douro. Apesar da grande dificuldade de observação, poderá ver vários pássaros, mamíferos e répteis.
Para mais informações, recomendamos a leitura do livro “São Salvador do Mundo - Santuário Duriense” de Jean Fearnley e coordenação de Gonçalves Guimarães.