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Trevões
A origem do topónimo tem levantado alguma controvérsia. Diversos documentos atribuem-lhe o nome de Trovões, outros documentos, porém denominam-na Trevões e assim surgem diversas teorias na tentativa de explicar a origem e evolução etimológica deste topónimo. Alguns sugerem que o nome original seria Trovões, devido às frequentes trovoadas que se registam na região, mais tarde, pelo facto de crescer grande quantidade de trevo na zona, foi alterado para Trevões. Outra tese refere a existência do antigo pelourinho da vila, hoje desaparecido, que tinha a representação de um escudo com cinco folhas de trevo, que pertencia a um fidalgo da freguesia, de nome Travassos, daí provindo o topónimo. Outros defendem que Trevões é a designação mais correta, constituindo a evolução fonética natural de Trevules, forma original que consta de alguns documentos antigos.
Trevões tem referências patrimoniais que o definem como um todo; ao longo das suas artérias, é possível observar espaços, fragmentos e elementos patrimoniais de diversas épocas, marcas de períodos, onde as diversas comunidades que aqui se estabeleceram.
Estas comunidades criaram imaterialidades expressas em percursos processionais, em hábitos, saberes e ritualidades que permaneceram ao longo dos tempos. As diversas artérias que constituem o aglomerado, e através das suas designações e características físicas, transportam-nos para diversas épocas e momentos da História Local (e de Portugal)
Igreja Matriz
A igreja paroquial de Trevões, igreja Património Nacional, tem por orago Santa Marinha. A fundação medieval da igreja é indubitável, tanto mais que, quando foi demolida a velha torre sineira, no século XVIII, foram encontradas pedras sigladas e com inscrições, incorporadas na nova estrutura. Há também referência de sepulturas escavadas no adro.
Do primitivo edifício, construído entre os séculos XII e XIII, resta parte de uma pilastra com friso entrelaçado e arranque de arco, junto ao altar do Espirito Santo, e uma pequena pia de água, colocada na entrada da igreja. A restante obra julga-se ter sido executada por volta dos séculos XV e XVI, como parecem indicar os cachorros do portal principal e do arco triunfal, bem como a cachorrada no exterior da capela-mor e da iconografia próximos da linguagem do gótico final.
O edifício, em excelente estado de conservação, apresenta uma fachada austera, onde se rasga grande portal de arco apontado, sobrepujado por janelão de traça setecentista. Ladeia a fachada da imponente torre sineira, mandada construir pelo bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira, em 1775. Do exterior salienta-se o portal norte, em arco apontado com intradorso chanfrado, púlpito, na fachada sul, e os cachorros decorados da capela-mor.
O interior da igreja, de nave única, tem piso lajeado com tampas sepulcrais e tecto revestido a caixotões ornados por volutas e anjos. Sobre a entrada ergue-se o coro alto, construído em 1857, assente em colunas de pedra, onde se incorporam as pias de água benta. Junto à entrada, encontra-se a pia baptismal, de granito, decorada por gomos, datada dos séculos XV/XVI.
Do lado da epístola, abre-se a capela dos Melos, de tecto de madeira oitavado, decorado com imponente retábulo maneirista, dourado e policromado, com tábuas pintadas a têmpera, assente sobre altar de granito. O arco cruzeiro com colunelos de capitéis decorados, é inteiramente revestido a talha dourada de estilo nacional, reproduzindo o tema das ramagens estilizadas e “putis” segurando uvas.
A capela-mor, com tecto forrado a caixotões de madeira, pintados com motivos vegetalistas coroados pelo brasão episcopal, tem retábulo de talha dourada de estilo nacional.
Na parede atrás do retábulo-mor foram recentemente postos a descoberto dois painéis de pinturas a fresco, datadas do século XVI.
Paço Episcopal
O edifício do Paço Episcopal pertença dos bispos de Lamego erguendo-se em paralelo com a fachada norte da igreja matriz. Foi mandado construir, em 1777, pelo bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira que destruiu a anterior construção.
Casa do Adro
Foi mandada erguer em 1605 por Baltazar de Almeida Camelo. A fachada principal do edifício pontua 8 janelas, sendo as do andar nobre da sacada com gradeamento em ferro folgado; e as do píseo térreo de guilhotina gradeadas em peito de rôla. Ao centro encontra-se um portal com 2 volutas que sustentam o brasão de armas dos Almeidas, Coutinho e Camelo.
Solar dos Caiados
Desenvolveu-se a partir da rua dos gatos com a rua da restauração, que apresenta uma das melhores construções da vila, quer pela qualidade arquitectónica, quer pelo seu estado de conservação. Este edifício do século XVII, de planta longitudinal, estrutura-se em dois corpos com diferentes alturas devido à inclinação da rua onde está situada.
Solar dos Melos
Também conhecido por Solar dos Caiado Ferrão, foi mandada edificar em 1671, por Francisco de Almeida Caiado. Da construção primitiva já existia a capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, conservando-se o corpo central da casa, com uma escada de patim adossada. Na segunda metade do século XVIII, sofreu obras de vulto, sob as ordens de Francisco Xavier de Almeida Caiado Melo e Vasconcelos, que a transformou numa das melhores casas de toda a região. As Obras, que podemos balizar entre as décadas de 60 e 70 do século XVIII, apoiando-nos na data inscrita na frontaria da capela (1768) e no seu interior (1771), alteram parcialmente a casa e a capela. Esta capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1970.
Arqueologia
Várias referências históricas e achados arqueológicos testemunham as origens remotas deste povoado, em local não longe da actual vila.
Confirmando a ocupação do território neste período estão alguns achados arqueológicos, como o meio alqueire de moedas romanas encontrado no sítio da Barra, em 1761.
Da presença romana, existe uma cupae de granito, anepigráfica, de pequenas dimensões. Atualmente a peça integra o espólio do Museu de Arte Sacra de Trevões. Estas lápides funerárias em forma de pipo, estão relacionadas com o ritual de incineração, utilizadas entre os séculos I e III d.C. e perpetuam um rito mais antigo em que os mortos eram depositados em pipas de madeira.
Outras marcas romanas na vila de Trevões com possibilidade de visitar, são a calçada romana e a Fonte do Concelho
Existe também um sarcófago, possivelmente da época medieval, que se encontra à guarda do museu local. É uma peça rectangular, de granito, sem tampa e sem inscrição, com bordos laterais ondulados.
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Museu de Trevões
Com o objectivo de guardar a memória desta povoação, transmitindo aos seus habitantes a continuidade e diversidade local, mostrando-lhes as suas raízes e tradições, a Associação Sócio – Cultural de Trevões organizou uma estrutura museológica, onde se recriam espaços ligados à vida da freguesia. Albergando o mais variado tipo de peças, a exposição permanente visa dar a conhecer os costumes e modos de vida passados, tentando desta forma criar um elo entre as diferentes gerações, legando a memória do passado.
Museu de Arte Sacra
Vinculado à sede de Lamego desde o século XIII, Trevões já seria um território mais longínquo como nos refere os documentos do ano 960 com o topónimo Trevules a surgir em testamento de D. Fâmula. Trevões sempre teve um passado ligado à igreja, pois à medida que ia evoluindo como paróquia e vila os bispos de Lamego afirmaram o seu nome ao construir em 1787 um paço-episcopal e ao investirem numa igreja ao gosto da contra-reforma. Aqui deixaram também, os emblemas heráldicos provenientes de D António de Vasconcelos Pereira que ainda resistem na capela-mor da Igreja Matriz e no Paço-Episcopal.
A sua importância económica foi restaurada através do património cultural ligado ao contexto diocesano regional, que levou com que fosse criado um pequeno núcleo museológico com o objectivo de preservar e divulgar o património sacro de Trevões a toda a população e a todos aqueles que a visitam.