São João da Pesqueira: Locais que nos fazem viajar no tempo
O território de S. João da Pesqueira é o resultado de um processo histórico contínuo, em que o Homem procurou e encontrou áreas para a prática da caça, construiu espaços funerários, erigiu recintos amuralhados no cume das elevações, foi dominando as técnicas de trabalhar e utilizar diversos materiais como o ferro, bronze e cobre.
A seguir iremos abordar 3 espaços onde os primeiros habitantes humanos no território de S. João da Pesqueira deixaram marcas que revelam e mostram as suas vivências. São lugares contruídos há 4000 e 7000 anos localizados na Freguesia de Paredes da Beira e S. João da Pesqueira.
As primeiras manifestações de contacto entre o Homem e o território de S. João da Pesqueira aconteceram há cerca de sete mil anos, com maior expressividade no Abrigo com Pinturas Rupestres da Fraga D’Aia e a Necrópole de Areita em Paredes da Beira.
Conhecido por “Penedo dos Macacos”, este abrigo foi ocupado durante um período de tempo relativamente pouco longo e onde se realizaram pinturas em tons de vermelho, com uma provável conotação religiosa. Datável dos inícios do IV milénio A.C., teve inicialmente uma ocupação esporádica, mas com maior incidência ocupacional nos finais do IV milénio A.C., quando se executa a primeira representação do painel com a caça a um cervídeo, para posteriormente ser executado o restante painel, onde se representam motivos antropomorfos, seres humanos, zoomorfos e animais.
Pelos resultados obtidos, verifica-se que as comunidades que utilizaram este espaço, tinham uma base económica de cariz agrícola, sendo também suportada pela caça e pela pastorícia que passou a ser um fator de fixação das comunidades Pré-Históricas. Ao localizar-se próximo do rio Távora, pode-se também incluir a atividade piscatória como um suporte de subsistência destas comunidades.
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Outro espaço que expõe a presença dos primeiros humanos no concelho de S. João da Pesqueira é o Dólmen de Areita, também localizado em Paredes da Beira.
É sem dúvida um dos mais imponentes sepulcros megalíticos da região e originalmente fazia parte de uma necrópole de cinco monumentos megalíticos.
Localizado junto à Estrada Municipal n.504 que liga Paredes da Beira a Riodades, o Dólmen de Areita, é composto por uma câmara poligonal de sete esteios, corredor médio e uma mamoa em terra que circunda todo o monumento. Com base nos vestígios osteológicos em que foi registada a presença de um número mínimo de seis indivíduos, pelas características dos artefactos e datações realizadas, podemos situá-lo cronologicamente nos finais do IV milénio A.C.
Os materiais encontrados nestes monumentos, machados, enxós, goivas, pontas de setas, contas de colar e vasos cerâmicos, refletem o modo de vida das comunidades que construíram estes sepulcros, como também fortes crenças religiosas, presentes em diversas gravuras nos esteios 4 e 7 da câmara do monumento
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Ainda no domínio de espaços e ritualidades fúnebres, embora de monumentalidade e escala construtiva mais reduzida, mas de um vastíssimo horizonte visual, é a existência da necrópole megalítica da Senhora do Monte em S. João da Pesqueira.
Originalmente constituída por três monumentos e da qual persiste um exemplar, estes espaços funerários utilizam o xisto para a definição da câmara funerária com a colocação de esteios, em oposição ao uso do granito na área sul do território, e de quartzo na mamoa circundante ao monumento.
A ambiência interpretativa deste monumento transporta-nos para o IV/III milénio A.C., e em alguns casos esta ocupação prolonga-se pela Idade do Ferro e do Bronze. À originalidade da escala e materiais utilizados é efetivado o perpetuar do ritual fúnebre numa representatividade e abrangência visual possibilitada pela elevação da Senhora do Monte, para onde recentemente foram eternizados novos rituais religiosos.
Esteja neste legado milenar

Na sala de arqueologia do Museu Eduardo Tavares em S. João da Pesqueira encontra-se em exposição o espólio arqueológico do território de S. João da Pesqueira. Para além dos artefactos encontrados na Fraga D’Aia, no Dólmen de Areita e em outros locais, o museu possui ainda em exposição um Berrão originário de Paredes da Beira.
Característica do nordeste peninsular e da cultura agro-pastoril, em Espanha denominam-se de verracos, esta peça em granito datada da Idade do Ferro/Período Romano (século VIII A.C./século V) possui no dorso a inscrição AMBROECON, estando gravados sob a forma de covinhas, os olhos e as orelhas, tendo ainda representado o órgão sexual masculino, a cauda e orifício anal.
O imaginário social e cultural deste território está intimamente ligado à Natureza, em rituais que ainda hoje fazem parte da evolução e relação humana com a terra… é assim desde há vários milénios. Momentos, percursos, factos e artefactos identitários do território de S. João da Pesqueira.
Nos tempos antigos ainda não havia internet nem e-mail, por isso, se gostou deste artigo deixe o seu contacto em baixo e não perca as próximas publicações sobre o concelho de S. João da Pesqueira.
Localização do museu
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